“Saímos do treino e temos sempre, no mínimo, 20/30 pessoas lá fora [no Caixa Futebol Campus] para nos acarinharem”
André Almeida estendeu até 2023 o contrato que o liga ao Sport Lisboa e Benfica, emblema com o qual mantém uma “relação perfeita” de oito anos.
[expander_maker id=”1″ more=”CONTINUAR A LER” less=”Read less”]Aos 28 anos, o lateral-direito chegou aos 250 jogos e conquistou o 13.º troféu ao serviço dos encarnados numa temporada em que foi um dos obreiros da Reconquista.André Almeida e Benfica: uma relação perfeita
“A renovação suscita um sentimento especial. Da maneira como terminámos a época, a melhor forma de começar uma nova seria assim: prolongar o meu vínculo com este Clube que me tem dado tanto. Já são oito anos com esta camisola e tem sido uma relação perfeita. Quando encontramos a relação perfeita, para quê abandoná-la? Prolongar esta relação dá-me também mais confiança para fazer o meu trabalho, e o acreditar das pessoas em mim é muito importante.”
Primeiro contrato com o Clube
“Foi em abril de 2011. Ainda estava no Belenenses. Vim ao Estádio da Luz, reunimos com o Presidente e fechámos acordo. Depois vim fazer a pré-época, acabei por ser empestado à União de Leiria, mas voltei em janeiro. Desde aí, tem sido essa tal relação perfeita.”
Oito anos de “trabalho e dedicação”
“Sempre confiei muito no meu trabalho. Aliás, na primeira entrevista que dei quando cheguei ao Benfica, uma das coisas que prometi – e a que prometo sempre – foi muita dedicação e muito trabalho. Eu sei que com isso podemos alcançar grandes coisas. É o primeiro passo. Claro que tenho conquistado muito mais do que aquilo que sonhava quando era miúdo. Se alguém me dissesse que ia estar ligado a um clube desta dimensão durante oito anos, não podia acreditar. Estou muito satisfeito com o que tenho alcançado até agora e tenciono alcançar mais.”
2018/19: época de grandes conquistas
“Foi uma época especial por isso [conquistas individuais] também, mas, acima de tudo, pela maneira como foi conquistado o título. Não olho tanto para esse fator individual. Claro que é importante para todos nós, jogadores, bater recordes pessoais, mas o futebol é um desporto coletivo e é para esse coletivo que eu olho. A maneira como o título foi conquistado – a partir de todos, com o esforço e entrega de todos –, num campeonato que estava dado como perdido, e a forma como encarámos as dificuldades e soubemos reagir a elas, tornou-o especial.”
As dificuldades físicas na fase final da época
“Quando se começou a passar isso comigo [lesões na fase final da temporada], eu senti que tinha de o fazer [continuar a jogar]. Por tudo o que tinha sido a época, por tudo o que tínhamos sofrido. Gosto de ir ao meu limite. E todos fomos. Física e mentalmente. Todos acabámos por dar um bocadinho mais do que tínhamos dado inicialmente. Isso fez a diferença no final.”
Uma família dentro do balneário
“Mais do que grandes atletas e jogadores, temos grandes homens dentro deste Clube. Quando se fala na palavra família, sinto-me à vontade para dizer que estou em casa. Desde que cheguei ao Benfica, tenho vindo a fazer muitas relações pessoais de amizade, o que torna o elo com o Clube ainda mais forte. Não é só a paixão pelos adeptos e pelo futebol em si, mas toda a relação que existe no nosso dia a dia com as pessoas que nos rodeiam. Torna tudo mais especial.”
A forte ligação aos adeptos
“Saímos do treino e temos sempre, no mínimo, 20/30 pessoas lá fora [no Caixa Futebol Campus] para nos acarinharem, tirar fotos, dar uma palavra de apoio ou de incentivo. Isso é importante. É para eles que trabalhamos também. Acima de tudo, nos momentos de dificuldade, há que saber entender também a mágoa dos adeptos. Às vezes dizem coisas que, para nós, podem ser menos boas, mas tentamos entender e, quando falamos abertamente com eles, acabam por nos compreender também. Há uma comunicação saudável.”
A importância da pré-época no seio do grupo
“A ligação entre os jogadores. É importante que quem chega comece a ambientar-se ao estilo de vida do grupo, às brincadeiras, ao estilo de jogo, às ideias da equipa. Se houver uma boa harmonia dentro do balneário, isso sai cá para fora. É muito do que se tem vivido nos últimos anos. O nosso grupo tem tido uma empatia muito forte e isso passa para dentro de campo, e as ideias do míster acabam por fluir naturalmente.”
Receber como foi recebido
“Eu tive a sorte de apanhar pessoas com uma personalidade muito forte e de bem com a vida – Paulo Lopes e Luisão – que sempre me apadrinharam. Mesmo quando não jogava, tinham sempre uma palavra de incentivo porque viam que eu trabalhava bem e no limite. Receber essa palavra da parte de alguém que tem tanta história no nosso Clube foi importante para mim. Talvez para os mais novos que passem por isso ao longo da época, uma palavra minha, do Pizzi ou de outro jogador qualquer que já esteja no Benfica há mais tempo, será também importante. Somos um plantel de 25/26 jogadores e só jogam 11 de início. O futebol tem essa particularidade. Estamos todos para ajudar, umas vezes mais, outras vezes menos, mas, se todos remarmos para o mesmo lado, no fim saímos todos beneficiados.”
Um pensamento que levou à titularidade
“Sempre pensei assim. É sempre mais fácil ter algo a dizer se trabalharmos nos nossos limites do que exigirmos algo para o qual não estamos preparados. Se não trabalharmos nos nossos imites, formos chamados e não correspondermos, o que é que temos a dizer depois? Temos de estar sempre preparados, trabalhar sempre nos limites e a oportunidade, mais tarde ou mais cedo, vai aparecer. Se estivermos preparados vamos ficar com ela.”
Um olhar pelo passado e para o futuro
“É uma caminhada longa e bonita, que eu tive a felicidade de poder partilhar com os meus amigos, com a minha família. Lembro-me muito do que foi viver o primeiro título. Para mim foi algo muito especial porque era uma sensação que nunca tinha vivido deste lado. Nunca tinha ganhado um título, e quando chego ao Marquês e vejo aquela imensidão de gente, e nós a andar no meio dos adeptos… passa um arrepio pela espinha. Foi uma sensação muito bonita, das que mais guardo. Às vezes parece que outros não são tão importantes, mas são. Como foi, por exemplo, o ano do Tri, o Tetra – um ano especial por fazermos história no Clube –, este ano pela dificuldade que foi o campeonato… mas eu guardo muito na memória o primeiro título. Não só por ter sido o meu primeiro, mas também por tudo o que envolveu.”
Objetivos para 2019/20
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“Conquistar mais títulos por este Clube, fazer coisas marcantes como fizemos na época passada a nível de golos, onde igualámos um recorde histórico. Queremos fazer mais disso: coisas bonitas e marcantes, mas acima de tudo queremos títulos. Acho que quando iniciamos uma nova época, temos sempre o que fizemos principalmente na época anterior como referência. Fazer mais jogos, mais golos, mais assistências, conseguir mais pontos… todos aqueles objetivos que acabam por ser secundários – porque o mais importante é ganhar títulos, não importa se é com mais ou menos pontos –, mas que estão sempre presentes na nossa cabeça e no dia a dia.”
“Não ligo muito à estatística individual, mas gosto de meter esse desafio no meu dia a dia. Às vezes, quando vamos para casa cansados, se nos lembrarmos desses pequenos pormenores, no dia a seguir chegamos com mais força.”
Mensagem de ambição para o grupo
“Todos eles [jogadores] têm muito esta mentalidade, não preciso de ser eu a incuti-la. Acho que o nosso plantel está recheado de grandes homens e todos têm esse pensamento de querer mais, de trabalhar mais, de alcançar mais. Esse foi um dos pontos que nos levaram a chegar onde chegámos na época passada.”
2019/20: metas individuais
“Quero continuar a jogar e a ser feliz, a ajudar a minha equipa, ir para casa satisfeito com o trabalho que faço como tenho ido nestes últimos anos e, certamente, no final vou sorrir como tenho sorrido a maior parte das vezes.”
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